quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Após a morte V




Já vejo os cabelos brancos no meu reflexo do espelho, a pele já enrugada e cheia de marcas.

Mas a marca mais profunda visível em mim é a de dor que meu coração sentiu a vida toda.

Não houve quem a curasse.

As outras mulheres nunca a substituíram, também não duraram muito, pois nelas eu sempre procurava Ela, a minha eterna amada.

O coração apenas se enganava.

Hoje ainda sozinho, não me habituei com a solidão, que sempre insistiu bater a porta do meu quarto, deitar do meu lado direito da cama, e sempre parece me olhar enquanto adormeço.

Já não lembro e nem sinto mais o perfume dela, e a idade tem feito com que as lembranças fiquem mais embaçadas e menos detalhistas, tem sido uma tortura. 

Nem nas lembranças mais posso senti-la.

Uma lágrima ainda insisti em cair enquanto adormeço.

Um comentário:

  1. Sei bem como é essa busca da pessoa em outra.. O jeito é aprender a viver com essa marca, por mais difícil que seja.

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